A limpeza dental profissional realizada em consultório odontológico é fundamental para a saúde de sua boca. Abrange desde a prevenção ou eliminação de processos infecciosos que acometem os dentes e o periodonto (estruturas ao redor do dente, tais como a gengiva, ligamentos periodontais e osso) até a manutenção de um sorriso mais bonito.
A limpeza dental recebe vários nomes: profilaxia dental, raspagem, polimento coronal, polimento radicular… Todos os nomes tem um significado específico e fazem parte do processo da limpeza dental.
Para entender sobre a importância da limpeza dental, precisamos entender um pouquinho sobre a anatomia dental e das estruturas ao redor do dente.
Ao contrário do que se pensa, o dente não está inserido diretamente em osso. Entre o osso e a raiz dental existem estruturas chamadas ligamentos periodontais, compostos basicamente por fibras de colágeno. Essas estruturas são responsáveis pela fixação dental, amortecimento da carga mastigatória e propriocepção.
A parte do dente que vemos exposta na boca é a coroa dental e, ao redor dela, temos gengiva e osso. Em situações normais a raíz dental não é visível (já que fica dentro do osso) mas em situações de retração gengival com exposição radicular isso pode acontecer.
O cálculo dental, mais conhecido como tártaro dental, pode ser definido como o acúmulo de um complexo de bactérias calcificado na superfície dental. Essas bactérias já existem normalmente na boca, mas em número reduzido e em sua forma livre, ou seja, não aderidas à nenhuma superfície.
Quando não higienizamos os dentes de forma correta, ocorre um acúmulo de bactérias na superfície dental, inicialmente sem nenhuma calcificação. Esse acúmulo de alimentos e bactérias, forma uma película aveludada nos dentes, chamada de matéria alba. A matéria alba é facilmente removida com uma boa escovação e com o uso do fio dental, mas caso o paciente não consiga removê-la, começa a modificar sua estrutura se tornando cada vez mais complexa e progressivamente calcificando. No momento em que se forma a calcificação, a remoção do cálculo só poderá ser feita em consultório odontológico, através do uso de curetas e/ou de equipamento ultrassônico. O cálculo “novo” tem coloração amarelada clara enquanto o cálculo “antigo” é mais escuro. Esse escurecimento ocorre porque o cálculo é exposto constantemente ao sangue da gengiva inflamada. Na maioria das vezes esse sangramento é imperceptível para o paciente, uma vez que ocorre de forma contínua e crônica.
Como já vimos, o cálculo é um acúmulo de bactérias na superfície dental. Esse complexo calcificado pode causar cáries, gengivite, retração gengival, morte pulpar, fístulas, abscessos e até perda óssea (podendo levar à mobilidade parcial ou completa dos dentes).
A exposição radicular causada pela retração gengival leva à dor, sensibilidade ao quente/frio e à perda do cemento que protege a estrutura da raiz dental. Nesses casos, está indicado o recobrimento radicular, seja utilizando resinas compostas, ou com cirurgias de recobrimento radicular. Como esse é um assunto complexo, vamos abordá-lo melhor num próximo post!
Outra consequência muito importante do cálculo dental, são as lesões endoperio. Essas lesões se formam a partir do cálculo dental, ganham a raiz e reabsorvem o osso até chegarem ao ápice radicular causando um problema endodôntico. Podem evoluir para a formação de abscessos e fístulas com drenagem de pus para cavidade oral. Nesses casos, o tratamento é multidisciplinar, necessitando de raspagem radicular e tratamento endodôntico (tratamento de canal).
A limpeza dental é feita com o uso de curetas especiais e com um equipamento de ultrassom odontológico, que emite vibrações capazes de quebrar e descolar o cálculo do dente, sem danificar a estrutura dental.
Logo em seguida à raspagem, é feito o polimento da coroa dental para evitar novo acúmulo de bactérias no local. Realiza-se a aplicação de flúor e orientações de higiene, com orientações à respeito das técnicas corretas de escovação dental e do uso de fio dental.
Em casos de acometimento do cálculo na porção radicular, é feita a raspagem radicular. Algumas vezes, essa raspagem radicular exige que se faça um acesso cirúrgico na região, para uma efetiva raspagem. A raiz dental também deve ser polida após a raspagem.
Depois de realizada a limpeza dental é o momento ideal para realização do clareamento dental, obtendo assim os melhores resultados dos dois procedimentos.
Depende de cada caso. Se o paciente têm uma higiene dental adequada recomenda-se limpezas dentais com frequência anual. Agora, se não tiver uma higiene assim tão boa, ou se usa aparelho dental (ver adiante) recomenda-se limpezas à cada seis meses ou até menos.
Os pacientes que usam aparelho ortodôntico precisam de uma atenção especial e uma rotina de limpezas com intervalos mais curtos. No mínimo de seis em seis meses. Mas o ideal é avaliar a necessidade de limpeza a cada mês nas consultas de manutenção do tratamento ortodôntico. Isso porque o aparelho funciona como um fator a mais de retenção de alimentos e bactérias.
A maioria dos pacientes não sentem quase nenhuma sensibilidade no procedimento, não necessitando de nenhuma aplicação anestésica. No entanto, em casos de retrações gengivais com exposição radicular a anestesia local se faz necessária.
Em raspagens radiculares com e sem intervenção cirúrgica também é indispensável o uso de anestésicos. Nesses casos, a raspagem é dividida em duas a quatro sessões para se anestesiar e trabalhar em cada quadrante.
A dupla fio dental e escova continua sendo imbatível! Ahhhh mas precisa usar mesmo o fio? Precisa! Não tem negociação!
Mas vamos falar tudo sobre essa “dupla dinâmica” em outro post sobre higiene bucal.
Até mais!
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